BPI e novobanco aumentam crédito às empresas;

Financiamento ao setor produtivo com crescimento médio de 2,9%
BPI e novobanco aumentam crédito às empresas
O BPI foi o banco que mais cresceu no crédito às empresas em Portugal no primeiro semestre de 2022, com um aumento de 8% face ao ano anterior. De acordo com os dados apurados pela “Vida Económica”, o novobanco cresceu 4% no financiamento empresarial, mantendo a vocação de financiamento ao setor produtivo. O BPI e o novobanco ganharam quota de mercado à CGD, millenniumbcp, Crédito Agrícola e Santander. Estes quatro bancos concederam crédito a um ritmo inferior ao crescimento médio de 2,9% apurado pelo Banco de Portugal no segmento das empresas entre janeiro e junho de 2022.

A carteira de crédito às empresas do BPI, no primeiro semestre deste ano, cresceu 8% “yoy”, para 11 mil milhões de euros. A quota de mercado no crédito a sociedades não financeiras atingiu um novo máximo de 10.8% em maio de 2022.
O BPI está a expandir o crédito, dando sequência ao crescimento dos exercícios anteriores, o que parece ser uma estratégia diferente do Santander Portugal. Após ter atingido um volume de crédito semelhante à Caixa Geral de Depósitos, o Santander tem vindo a reduzir o financiamento no segmento das empresas. E na linha dos períodos anteriores, o crédito ao setor produtivo baixou mais 2,6%.
O BPI também cresceu nos depósitos de clientes, com um aumento de 9% yoy, totalizando 30 mil milhões de euros. Os depósitos de clientes representam 70% do ativo e constituem a principal fonte de financiamento do balanço.
O BPI obteve um resultado consolidado de 201 milhões de euros no primeiro semestre de 2022, crescendo 9% em relação ao mesmo período de 2021. A atividade em Portugal contribuiu com 85 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 17% relativamente ao semestre homólogo de 2021, excluindo extraordinários.
Recorde-se que o BPI foi considerado “O melhor banco em Portugal 2022”, pela revista “Euromoney”.
“Os resultados alcançados neste semestre espelham a consistência do forte dinamismo comercial do BPI, assente num círculo virtuoso de investimento, inovação, crescimento e sustentabilidade”-  destaca João Pedro Oliveira e Costa. Para o presidente executivo do BPI,  a grande solidez financeira do Banco permite continuar a apoiar as famílias e as empresas num contexto marcado por alguma incerteza económica. “Este compromisso com a sociedade abrange igualmente a inclusão social, com recursos e iniciativas concretas, dentro do nosso modelo de Banca Responsável. O BPI e a Fundação “la Caixa” são, já hoje, as principais entidades privadas no domínio dos apoios sociais em Portugal e vão continuar a aprofundar esse compromisso nos próximos anos” – refere.

Novobanco com 14,7% de quota
de mercado

O novobanco cresceu 4,1% yoy, atingindo os 14,2 mil milhões de euros de crédito às empresas no final do primeiro semestre de 2022,. O banco da Lone Star regista o maior crescimento de sempre no crédito e  reforça a posição do tecido empresarial português, com quotas de mercado de 14,7% no crédito às empresas e de 12,6% nos depósitos.
Na origem e no tempo do BES, o banco tinha a maior quota de financiamento às empresas, com quase 70% do crédito concedido.
No segmento Grandes Empresas, o novobanco tem cerca de 2000 clientes e um movimento financeiro de 8,2 mil milhões de euros. No segmento de Médias Empresas, tem cerca de 12 mil clientes e um movimento financeiro de 10,2 mil milhões de euros.
No primeiro semestre de 2022 o crédito a empresas no novobanco cresceu 440 milhões de euros (+4,2% YtD), com um forte crescimento do apoio à tesouraria das empresas (+14,6% YtD no Crédito de Curto Prazo) e com o contributo de 915 milhões de euros de novo crédito ao investimento e de +544 milhões de euros de garantias e créditos documentários. O novobanco mantém uma presença significativa  no setor exportador, contando com cerca de 61,1% das Médias e Grandes empresas exportadoras como clientes: cerca de 2900 clientes.
No semestre, o novobanco continuou a desenvolver e dinamizar a sua vocação natural como parceiro financeiro de referência para as empresas portuguesas, no âmbito dos programas que visam apoiar o desenvolvimento da economia através do estímulo à inovação, à transformação digital e à transição energética, como sejam o PPR e o Portugal 2030. Neste âmbito, disponibilizou aos seus clientes empresa as soluções de financiamento FEI e BEI ao abrigo do European Guarantee Fund, permitindo o acesso a financiamento às PME, Mid Caps e Grandes Empresas em condições preferenciais, promovendo a concretização de projetos de investimento e o apoio à tesouraria numa fase particularmente desafiante de retoma da atividade pós-Covid-19, acompanhado do crescimento dos preços (matérias-primas, energia e trabalho), que resultam em maiores necessidades de fundo de maneio para suportar a atividade.
O novobanco apresentou os lucros mais altos de sempre, com um resultado líquido de 266,7 milhões de euros no primeiro semestre de 2022 (1S21: 137,7MJ; +93.7% vs 1S21).
“Os resultados confirmam o momento do novobanco e o modelo de negócio criativo, combinado com medidas específicas de geração de capital. O novobanco demonstra criação de valor para todos os seus stakeholders, com o progresso efetuado nos últimos anos refletido no upgrade de 2 níveis pela Moodys. O Banco está bem posicionado para continuar a crescer e competir no mercado português”, afirmou na apresentação de resultados António Ramalho (ex-CEO do novobanco, recentemente substituído nesse cargo por Mark Bourk).

CGD prudente no crédito

A CGD surge em terceiro lugar na variação do crédito às empresas, com uma subida de  2%, assumindo uma estratégia de prudência. Conforme se pode ler na demonstração de resultados do primeiro semestre de 2022, o banco opta pela “manutenção de uma abordagem prudente, com base em projeções para os anos 2022-2023 num cenário de alteração do crédito por “stages”, essencialmente em empresas que operam em setores com uma elevada exposição a potenciais efeitos negativos da pandemia e da guerra na Ucrânia, e com notações de risco de crédito baixas”. Ainda assim, a CGD destaca o aumento de 5% no crédito às PME nos primeiros seis meses do ano.
A Caixa registou no primeiro semestre um resultado líquido consolidado de 486 milhões de euros suportado na melhoria do custo de risco de crédito e da área internacional, que cresceu 47 milhões de euros (+77%).
O presidente da CGD, Paulo Macedo, sublinhou, na apresentação de resultados, que o banco está a lidar com as “pressões relacionadas com a conjuntura macroeconómica”, pelo que está a contactar os clientes “proativamente”, nomeadamente os mais vulneráveis aos custos da energia e restantes fatores de produção. “Vamos procurar soluções para ver se não há um degradar da capacidade de serviço do crédito”, realçou Paulo Macedo.

Millennium bcp abranda
em crédito concedido

O Millennium bcp cresceu 0,7%  no crédito às empresas, abrandando o ritmo face aos períodos anteriores,, mas manteve a liderança em volume de crédito (19 614 milhões de euros).
O valor da carteira de crédito no final do primeiro semestre de 2022 permanece em linha com os valores atingidos no período homólogo (19 599 milhões de euros em 30 de junho de 2021).
No que diz respeito ao crédito concedido pelo Banco ao abrigo das linhas COVID-19 garantidas pelo Estado Português, em 30 de junho de 2022, o montante total de crédito ascendia a 2383 milhões de euros, o que compara com 2642 milhões de euros no final do primeiro semestre do ano anterior. No final do primeiro semestre de 2022, o montante total de crédito ao abrigo das linhas COVID-19 representava cerca de 5,9% da carteira de crédito total referente à atividade em Portugal.
O crescimento líquido da carteira de crédito inclui, por um lado, o crescimento da carteira de crédito performing, que aumentou 1522 milhões de euros entre o final do primeiro semestre de 2021 e 2022, e, por outro lado, uma redução das “non performing exposures” (NPE) de 460 milhões de euros naquele período, continuando a ser levada a cabo com sucesso a estratégia de desinvestimento neste tipo de ativos desenvolvida pelo Banco ao longo dos últimos anos.
No que respeita à qualidade da carteira de crédito anteriormente sujeita a moratória, que, à data de 30 de junho de 2022, ascendia a 7363 milhões de euros (moratórias expiradas), importa salientar que 88,2% desta exposição correspondia a crédito performing. Consequentemente, apenas 11,8% diziam respeito a “non-performing exposures” (operações classificadas como stage 3), o que compara com uma percentagem de exposições não produtivas de 4,0% ao nível da carteira total.
O Millennium BCP fechou o primeiro semestre com lucros de 74,5 milhões de euros, o que compara com os lucros de 12,3 milhões obtidos na primeira metade de 2021, uma subida de mais de 500%. Para o líder do BCP, Miguel Maya, o “enquadramento mundial é desafiante e Portugal não é alheio ao que se passa no mundo”, mas garante não estar a “perspetivar uma situação de enormes dificuldades como na crise anterior”.

Crédito Agrícola com quota
de 5,6%

O crédito às empresas no Grupo Crédito Agrícola atingiu, no primeiro semestre do ano, os 6,7 mil milhões de euros, uma variação de – 0,6% yoy (7,2 mil milhões de euros no primeiro semestre de 2021 e 6,6 mil milhões em igual período de 2020). Ainda assim, uma subida de 1% face ao resultado de dezembro de 2021 (6,6 mil milhões de euros).
Ao nível do crédito ao consumo, o Crédito Agrícola concedeu, até junho deste ano, 1561 milhões de euros, ou seja, menos 24,8 milhões de euros do que no semestre anterior (menos 1,8% face a dezembro de 2021).
A carteira de crédito (bruto) a clientes do Grupo registou um crescimento homólogo de 2,9% (341 milhões de euros), para 11,9 mil milhões de euros, reflexo do apoio continuado por parte do Grupo Crédito Agrícola a empresas, empresários, famílias e instituições do setor social e da administração pública central e local. Durante o primeiro semestre de 2022, a nova produção de crédito à habitação cresceu 9,5% face ao período homólogo. A quota de mercado em crédito concedido a clientes manteve-se estável, em termos homólogos, nos 5,6%.
O Crédito Agrícola registou também uma redução significativa do crédito ao consumo.
O lucro do grupo Crédito Agrícola caiu 33,2% no primeiro semestre, para os 64,4 milhões de euros, face a 96,5 milhões de euros no período homólogo. A queda homóloga dos resultados “foi influenciada pelos resultados, não recorrentes, obtidos no primeiro semestre de 2021, relacionados com ganhos líquidos com operações financeiras, no valor de 55,2 milhões de euros (...), bem como com juros retroativos, referentes a 2020, no valor de 8 milhões de euros recebidos no primeiro trimestre de 2021 no âmbito do programa financeiro do BCE TLTRO [operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas do Banco Central Europeu]”, justifica o grupo liderado por Licínio Pina.

Santander diminui crédito
às empresas em 2,8%

A carteira de crédito (bruto) do Santander no primeiro semestre de 2022 atingiu 43,6 mil milhões de euros, subindo 0,5% face ao período homólogo, com o crédito à habitação a crescer 6,8% e o crédito ao consumo 7,5%. Contudo, no crédito a empresas, caiu 2,8%, descendo de 16 408 milhões de euros  para 15 950 milhões de euros.
No final de junho de 2022, o Santander obteve em Portugal um resultado líquido de 241,3 milhões de euros, que compara com 81,4 milhões de euros obtidos no período homólogo, valor que incorpora um encargo extraordinário, no valor de 164,5 milhões de euros (líquido de impostos), registado no primeiro trimestre de 2021, para fazer face ao plano de transformação em curso, com a otimização da rede de agências e investimentos em processos e tecnologia.
“Nos primeiros seis meses do ano, o Santander continuou a apresentar resultados positivos, que nos dão as bases necessárias para podermos continuar a desempenhar da melhor forma a nossa missão de contribuir para o desenvolvimento das famílias e das empresas, apoiando um crescimento inclusivo e sustentável”, afirmou Pedro Castro e Almeida, presidente executivo do Banco Santander Portugal.
VIRGÍLIO FERREIRA virgilioferreira@grupovidaeconomica.pt, 01/09/2022
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