Diferença de tributação favorece compra de gasóleo em Espanha;

Roteiro do Empreendedorismo prossegue na Trofa
Diferença de tributação favorece compra de gasóleo em Espanha
A Listerteco desenvolve a partir da Trofa os serviços de apoio ao transporte internacional e venda de combustíveis.
As empresas transportadoras portuguesas estão a concentrar o abastecimento de gasóleo em Espanha, beneficiando da carga fiscal inferior – afirmou Carlos Guerra. O diretor da Liserteco apresentou a atividade da empresa durante a última ação do Roteiro do Empreendedorismo, organizado pela Câmara da Trofa, com o apoio da AEBA – Associação Empresarial do Baixo AVE.

Atualmente, a diferença de preço entre o gasóleo em Portugal e em Espanha ronda os €0,25 por litro, o que representa mais de 15% no custo direto. A Liserteco tem uma rede própria de postos de abastecimento, além de cartões de desconto para utilizadores profissionais, vendendo cerca de 30 milhões de litros de gasóleo por mês. Uma parte significativa das vendas de gasóleo é feita a camiões portugueses. Conforme explicou Carlos Guerra, os camiões portugueses que atestam os depósitos no Pais Basco ficam com mais de 2000 km de autonomia que lhes permite prosseguir viagem para a Inglaterra ou Alemanha sem reabastecer. No regresso reabastecem novamente no País Basco e ficam com autonomia para voltar a Portugal, carregar novamente e voltar, sem necessidade de comprar mais combustível em Portugal ou noutro país.
Carlos Guerra referiu que a diferença de preço se deve essencialmente à menor carga fiscal aplicada em Espanha. Em Portugal a tributação do gasóleo representa cerca de 50% do preço de venda, enquanto em Espanha ronda os 38%. O consumo normal de um camião de transporte internacional é de cerca de 5000 litros por mês.
Além da venda de combustíveis, e dos cartões de gasóleo, a Liserteco presta serviços de dispositivos de portagens, recuperação do IVA no transporte internacional e gestão de incobráveis. A empresa portuguesa pertence ao grupo ADS, que tem sede em Espanha.
 
Recuperação das peças sujeita
a dupla tributação em IVA

 
O segmento dos automóveis posteriores s 2015 é a aposta da empresa AVF Peças Auto, sediada na Trofa. Ao contrário do que acontece com a generalidade das empresas que se dedicam ao abate de veículos em fim de vida, a AVF dedica-se à recuperação de peças de automóveis de modelos recentes e nunca com mais de 5 anos. Para a empresa, este é o segmento mais interessante, porque, apesar de os automóveis comprados terem um custo mais alto por serem recentes e estarem em boas condições de funcionamento, são aqueles que têm também as peças com maior valor de mercado.
Durante a visita do Roteiro de Empreendedorismo, entre os exemplos de automóveis quase novos para abate, estava uma carrinha Ford Transit de 2020, nova e ainda por matricular, que sofreu alguns danos no decorrer da sua descarga.
Os automóveis recentes com elevadas quilometragens são desvalorizados em termos de mercado. Mas essa desvalorização já não se verifica em relação às peças que os compõem. Por esse motivo, bastantes automóveis recentes e em perfeitas condições de funcionamento encontram um fim de vida antecipado na empresa.
O trabalho efetuado na desvitalização e desmontagem dos automóveis cumpre todos os requisitos ambientais e é realizado com o cuidado necessário à valorização das peças que são extraídas.
Para a venda das peças, o principal canal de venda é o on-line e não se limita ao mercado português. Assim, uma parte cada vez maior das peças sé vendida para outros países europeus.
No entanto, o enquadramento fiscal é desfavorável, na medida em que os automóveis pagaram IVA no momento da sua venda e depois a venda das peças está novamente sujeita a IVA à tava de 23%. A dupla tributação ocorre ao contrário do que acontece em outros países, como é o caso da Holanda, porque a Administração Fiscal entende que ao ser feita a recuperação das peças há uma transformação dos componentes.


Roteiro do Empreendedorismo aproxima autarquia aos agentes económicos
 
A Roteiro do Empreendedorismo é uma iniciativa da Câmara da Trofa que tem por objetivo aproximar a autarquia dos agentes económicos, e das empresas em particular.
As visitas periódicas são dirigidas pelo autarca Sérgio Humberto, dando a conhecer a sua atividade, o potencial de expansão e os obstáculos ao crescimento.
“A Trofa assume-se atualmente como um concelho de referência, que aposta na qualidade de vida de todos os munícipes, bem como no estímulo do investimento, na modernização do tecido empresarial existente e na fixação de novas empresas, privilegiando também a atividade turística alicerçada no nosso valioso património local, dando ainda grande destaque à rentabilização da fabulosa gastronomia da região” – considera o presidente da Câmara da Trofa.
Durante a última visita efetuada à Listerteco e AVF, Sérgio Humberto destacou o dinamismo das empresas da região e a vertente exportadora, o que favorece a expansão das áreas empresariais.
Segundo referiu, o maior constrangimento à expansão está no atraso da construção da nova variante à EN 14. A saturação da via existente dificulta a circulação de pessoas e de mercadorias na região.
A AEBA também vem reclamando a construção urgente da Variante à EN 14 tendo em conta a densidade populacional do concelho e o elevado número de empresas em atividade.

 

Susana Almeida, 06/03/2020
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