Luís F. Lourenço – Dedico-me ao tema das finanças pessoais desde 2009. Durante esse período, dei formação prática em alguns dos cursos de formação da Your Money Watcher, criei cursos online, além de ter sido autor e apresentador de vários workshops e eventos, ebooks, bem como de vários artigos sobre gestão de finanças pessoais. Depois de todos estes anos, percebi que ainda há muitas dúvidas sobre o significado do dinheiro e do que está ao alcance de cada um de nós em termos financeiros. Foi assim que surgiu este livro, que procura ser uma forma de alcançar mais pessoas e responder às muitas questões que existem sobre este tema, através de um resumo de muito do que aprendi ao longo dos últimos 20 anos.
VE – Quais são os principais objetivos do livro?
LFL – Este livro pretende ajudar os portugueses a ter mais controlo sobre as suas finanças e, consequentemente, na sua vida. Por isso, a obra procura preencher a lacuna de preparação da generalidade das pessoas em termos de gestão financeira pessoal; minimizar a fraca perceção ou conhecimento do significado do dinheiro e do que está ao alcance da maioria de nós se o integrarmos de uma forma correta nas nossas vidas; ajudar a pensar na grande incerteza face ao futuro das sociedades, modelos de trabalho, evolução tecnológica, entre outros, a curto e médio prazo; contribuir para o desenvolvimento de uma filosofia e prática de consumo consciente, face aos grandes desafios de manutenção da natureza e da vida em geral; e ensinar um método simples, prático e estruturado de gestão financeira pessoal que pode ser colocado em prática imediatamente por todos através das ferramentas que são oferecidas.
VE – Que principais conclusões são apresentadas no livro?
LFL – O domínio das finanças está intimamente ligado ao domínio da nossa vida. Perceber isso é essencial para viver melhor e com mais tranquilidade. Neste sentido, o livro procura explicar, de forma simples e com uma linguagem comum, como isso pode ser feito. Prevê-se uma crise económica global, decorrente da pandemia provocada pela Covid-19, pelo que julgo que este livro é uma ferramenta interessante para as famílias portuguesas aprenderem alguns métodos simples para lidar com a sua situação financeira. Pretendo que haja uma maior habilidade de compreender e saber gerir os recursos financeiros numa época de incerteza face ao futuro, mas também contribuir para alimentar a ideia de que o dinheiro deve ser um meio para atingir objetivos na vida e não um objetivo em si mesmo.
VE – Que principais recomendações apontaria para lidar com as finanças pessoais, sobretudo numa altura de crise?
LFL – Devem fazê-lo com a consciência de que o futuro é muitíssimo incerto e a atitude mais aconselhável perante a incerteza é a redução do risco. Em termos financeiros, isso significa que cada um deve proteger mais o dinheiro que possui, poupando-o e aplicando-o de formas racionais e conscientes. Neste momento, não sabemos ainda quando a sociedade vai poder começar a funcionar sem restrições relacionadas com a pandemia. Estamos numa fase em que as coisas podem melhorar, assim como podem piorar. Não é, de todo, um momento de arriscar em termos financeiros, mesmo aqueles que consideram estar mais protegidos contra situações de risco. No entanto, gostava de referir que esta atitude não devia ser somente uma atitude Covid ou pós-covid. Depois de passada esta pandemia, não sabemos quanto tempo vai levar até surgir outra, ou algum outro tipo de problema que nos possa afetar novamente de uma forma profunda. Consumir de forma consciente deve passar a ser um modo de vida permanente e não ocasional.
VE – Na sua opinião, quais são os principais erros dos portugueses na gestão das suas poupanças?
LFL – Penso que, principalmente, é não enfrentarem esse querer de forma frontal, honesta (para com os próprios), corajosa e com a determinação de fazer o que for necessário fazer, de forma estruturada e sustentável. As situações variam muito de pessoa para pessoa. Há pessoas que, por vergonha, prolongam situações insustentáveis para evitar ao máximo expor casos delicados perante amigos, familiares e conhecidos, na esperança de conseguirem inverter o estado das coisas a tempo. Outras não conseguem alterar o seu nível de vida e de conforto, permanecendo também demasiado tempo em situações insustentáveis. Outras não sabem por onde e como começar a alterar a sua situação e, com a vontade de alcançar resultados rápidos, lançam-se em soluções que não resultam e são por vezes mesmo perigosas. Outras simplesmente dizem que querem dominar as suas finanças, mas quando chega a altura de fazer mudanças não têm a força de vontade suficiente. Muitas pessoas também não reconhecem que precisam de reforçar as suas competências em gestão financeira pessoal. Consideram que já sabem tudo o que é necessário saber. Só que depois, na prática, não é isso que se vê.
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