Millennium BCP lidera no crédito às empresas;

Santander e CGD ultrapassados no primeiro trimestre
Millennium BCP lidera no crédito às empresas
Os principais bancos que operam em Portugal não só resistiram, com resilência, ao impacto da pandemia Covid-19 como estão a ter um papel fundamental na retoma das empresas e da consistência financeira das famílias. Esta é a principal conclusão que se retira da análise aos resultados de atividade no primeiro trimestre de 2021 da CGD, do Santander, do Millennium BCP e do BPI
BPI e Millennium BCP registaram, no primeiro trimestre de 2021, os aumentos de resultados mais significativos. No oposto estão CGD e Santander. Mas todos eles reforçaram o crédito a empresas e a famílias, em especial o crédito hipotecário.
O Millennium BCP lidera no crédito às empresas, com 17,4 mil milhões de euros (+10,4%). Segue-se o Santander, com 16,6 mil milhões de euros, a CGD, com 16,1 mil milhões de euros (+1,2% yoy) e o BPI  com 10,2 mil milhões (+7,2%).
No crédito hipotecário, o ranking é outro. CGD: 24 mil milhões (+1,9%). Santander: 20,9 mil milhões (+5,5%). Millennium BCP: 17,3 mil milhões (+2,8%). BPI: 12,1 mil milhões (+5,8%).

CGD

Começando pelo banco liderado por Paulo Macedo, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) fechou o primeiro trimestre com um resultado líquido de 81 milhões de euros no primeiro trimestre de 2020, uma quebra de cerca de 6,5% face aos 86,2 milhões registados em igual período do ano passado.
A descida é explicada pelo facto de as contas do primeiro trimestre incluírem os custos regulatórios para o exercício de 2021, o que teve um impacto no resultado de 52,7 milhões de euros.
Em Portugal o crédito às empresas registou um crescimento de 1,5% e os depósitos dispararam 11,7%. As comissões subiram 2%, sobretudo por via de operações fora do balanço, como fundos de investimento. Os depósitos cresceram 11,7%.
A margem financeira caiu 11,5%. Em contrapartida, os custos de estrutura registaram uma redução de 6% face aos primeiros três meses de 2020.
A CGD tinha 5705 milhões de euros em créditos com moratórias no final de Abril, abaixo do valor de Janeiro.
Do valor de créditos com moratórias (suspensão de pagamento de capital e/ou juros), que corresponde a 13% da carteira de crédito total, 2391 milhões de euros são referentes a crédito a particulares e 3314 milhões de euros a crédito a empresas.

Santander

O Santander Portugal registou um lucro de 34,2 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, uma queda de 71,2% face aos lucros obtidos em igual período de 2020, que ascenderam a 118,9 milhões de euros. O banco sublinha em comunicado a contabilização de uma provisão de 164,5 milhões de euros destinada a reestruturar o banco.
O total de crédito concedido a clientes (bruto) ascendeu a 43 mil milhões de euros, o que correspondeu a uma subida de 5% face ao período homólogo, refletindo as moratrórias do crédito a famílias e a elevada produção de linhas de crédito de apoio à economia, bem como os sustentados ritmos de produção de crédito hipotecário.
O crédito a empresas ascendeu a cerca de 16,5 mil milhões de euros (+5,9%) e o hipotecário a 20,9 mil milhões de euros (+5,5%.
As moratórias (legal e privada) no final de março abrangiam cerca de 54 mil clientes, no montante global de 6,4 mil milhões de euros de crédito, o que representa 16% da carteira total. Este valor corresponde a uma redução de 25% face ao valor de final de 2020, devido ao vencimento da moratória privada.
Já nas linhas de crédito com garantia de Estado, o Santander aprovou um montante de 2,1 mil milhões, abrangendo 15 mil clientes. Apoios, cujo prazo para que sejam retomados os pagamentos termina em setembro.
Também os recursos de clientes registaram uma subida de 5%, ascendendo a 43,8 mil milhões de euros face a igual período de 2020. Para isso contribuiu o aumento de 3,5% nos depósitos e um aumento de 12,5% em recursos fora de balanço.
Já o número de clientes digitais atingiu os 970 mil, um crescimento de 21,7% em relação aos primeiros três meses de 2020.

Millennium bcp

No Banco Comercial Português, o primeiro trimestre de 2021 trouxe um resultado líquido de 57,8 milhões de euros, depois de no mesmo período do ano passado ter atingido um resultado de 35,3 milhões de euros (o que representa um crescimento de 63,8%).
Na atividade em Portugal, o Millennium BCP apresentou um lucro de 83,4 milhões de euros no primeiro trimestre de 2021.
O total de crédito a clientes (bruto) ascendeu a cerca de 56,4 mil milhões de euros (+3% yoy). A subida no crédito às empresas foi de 3,4% (para 23,9 mil milhões de euros) e nos particulares de cerca de 3% (para 32,4 mil milhões de euros), com aumento mais expresso (+3,9%).
Na atividade em Portugal, o saldo da carteira de crédito a clientes (bruto) ascendeu a 38 644 milhões de euros em 31 de março de 2021, situando-se 3,5% acima dos 37 333 milhões de euros apurados no final de março do ano anterior. Este crescimento deve-se em grande parte ao crédito concedido ao abrigo das linhas de crédito lançadas pelo Governo para fazer face aos impactos provocados pela pandemia associada à Covid-19, o qual permitiu simultaneamente que o Banco reforçasse a sua presença junto das empresas portuguesas.
Em termos de carteira de crédito “performing” em Portugal, o crescimento foi de dois mil milhões de euros, atingindo os 36,5 mil milhões de euros (+5,9%) face a março de 2020. O crédito a empresas atingiu os 17,4 mil milhões de euros (+10,9%) e o crédito hipotecário 17,3 mil milhões de euros (+2,8%)

BPI

O BPI registou lucros de 60,1 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, um crescimento de 850% em relação ao resultado de 6,3 milhões registados no mesmo período do ano passado.
Do lucro de 60,1 milhões, 54 milhões dizem respeito à operação em Portugal, tendo os bancos em Angola (BFA) e Moçambique (BCI) contribuído com um milhão e cinco milhões de euros, respetivamente.
O crédito também aumentou 6,2%, para 26 mil milhões de euros, com o banco a registar uma quota de 10,7%, uma subida de 10 pontos base em relação a março de 2020. A carteira de crédito a empresas cresceu 7,2% para 10,2 mil milhões e a a carteira de crédito hipotecário aumentou 5,8% para 12,2 mil milhões.

VIRGÍLIO FERREIRA (virgilio@vidaeconomica.pt), 20/05/2021
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