Euribor a 1 mês positiva pela 1ª vez desde 2015;

Mercado Monetário Interbancário
Euribor a 1 mês positiva pela 1ª vez desde 2015
Mais uma semana de subida das Euribor, com estas a renovarem máximos plurianuais em quase todas as sessões da última semana. Ao longo dos diversos prazos, observaram-se subidas entre os 6 e os 18 pontos base, com os prazos mais longos a registarem as maiores subidas. De realçar o regresso da Euribor a 1 mês para terreno positivo pela primeira vez desde o início de 2015 e a subida das Euribor a 3, 6 e 12 meses para máximos desde 2012. As expetativas de uma continuação da trajetória de aperto da política monetária, com os mercados a descontarem subidas das taxas em todas as reuniões de política monetária do BCE até ao final do ano, estiveram por detrás da subida das Euribor, sendo que importa também realçar a grande deslocação da curva de rendimentos da Euribor a 6 meses, perto de 50 pontos base, com o mercado a ver esta taxa já muito próximo dos 2% no início do próximo ano.
A semana ficou ainda marcada por mais sinais de forte desaceleração económica na Zona Euro, com a atividade do setor privado a contrair pelo segundo mês consecutivo em agosto, confirmando um ponto final numa expansão que durava há dezasseis meses, e pela confirmação da subida da inflação para máximos históricos em julho, 8,9%. Tal registo levou uma série de membros do BCE a efetuarem comentários a apelarem para a necessidade de uma continuação da trajetória de subida das taxas de juro. Na última semana tivemos os bancos centrais da Noruega e da Nova Zelândia a subirem, novamente, as taxas de juro, e, mais surpreendentemente, o Banco Popular da China a optar por cortar as taxas de juro, confirmando, a diferença de atuação em diversas partes do globo. Em relação aos comentários dos membros do BCE, realçam-se os de Isabel Schnabel, a sugerir a necessidade de outra grande subida das taxas de juro no próximo mês, uma vez que as perspetivas para a inflação não se alteraram, mesmo correndo o risco de agravar o cenário de uma recessão no bloco. Os comentários do presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, também foram de encontro a essa narrativa, tendo frisado a necessidade do BCE de continuar a aumentar as taxas de juro, mesmo correndo o risco de uma recessão na maior economia europeia, uma vez que a inflação se manterá desconfortavelmente elevada durante 2023. Nagel acredita mesmo que a inflação na Alemanha poderá vir a exceder os 10% nos próximos meses. Fabio Panetta alertou para a necessidade do BCE de ser mais cauteloso quanto à trajetória de subida das taxas, uma vez que o cenário cada vez mais provável de uma recessão no bloco, poderá contribuir para um alívio das pressões inflacionárias, reduzindo a necessidade de atuação do banco central. Nas taxas fixas, e mediante as expetativas de uma maior agressividade no aperto da política monetária por parte do BCE, foi mais uma semana de subida dos rendimentos, tendo estes alcançado máximos de cerca de 1 mês, após uma subida de perto de 40 pontos base na última semana.
Análise produzida a 24 de agosto de 2022
Filipe Garcia, 26/08/2022
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