Os desafios do Imobiliário em 2024;

Os desafios do Imobiliário em 2024
Apesar da instabilidade atual, os profissionais acreditam que o mercado vai adaptar-se àa dinâmica económica em curso.
O ano de 2024 será desafiante para os diferentes segmentos de negócio do imobiliário, mas Portugal continuará a beneficiar de múltiplos fatores que demonstram o excelente potencial do nosso país.
Esta é a opinião partilhada por um conjunto de profissionais do mercado, das diferentes áreas do mercado imobiliário.
 


Graça Ribeiro da Cunha
Offices Associate, Savills/Predibisa

“Portugal continuará a figurar na lista de destinos mais atrativos para investimento”
 
“Tendo em conta o atual contexto macroeconómico e geopolítico espera-se, de uma forma geral, que o primeiro semestre de 2024 seja marcado por uma abordagem ‘wait and see’ por parte dos investidores, com a segunda metade do ano deverá ser marcada por uma estabilização do mercado. Por outro lado, as constantes alterações legislativas e fiscais, constituem-se também como desafios para o setor neste ano que agora se inicia”, considera Graça Ribeira da Cunha. 
Na sua opinião, no entanto, e à semelhança do que se tem verificado nos últimos anos anteriores, Portugal continuará a figurar na lista de destinos mais atrativos para investimento devido à dinâmica do seu mercado ocupacional e aos novos projetos em carteira.
O segmento de escritórios vem de um ano desafiante, com os volumes de investimento a experienciarem uma quebra expressiva, sendo que o mercado ocupacional registou também uma queda visível no seu volume de absorção. Este que é, por norma, um dos segmentos “estrela” do mercado nacional de investimento, enfrenta agora uma maior concorrência por parte de outros segmentos, fruto também das estratégias de diversificação de risco adotadas pelos investidores.
Ainda assim, o apetite do mercado ocupacional é inegável, com um desequilíbrio visível entre a procura e a oferta que sustenta de forma sólida os novos projetos em pipeline. De notar, que nos próximos dois anos as cidades de Lisboa e Porto irão receber um pipeline superior a 250.000 m2, sendo que 30% da nova ABL está já destinada a ocupação própria ou pré-arrendada. 
O ano de 2024 será desafiante, mas Portugal continuará a beneficiar de múltiplos fatores que demonstrarão o excelente potencial das terras lusas.



Rui d’Ávila
Administrador grupo Ferreira

“É urgente que Portugal tenha um mercado de arrendamento forte e ágil”
 
Consideramos que o comportamento das taxas de juro no crédito hipotecário é crucial para perceber se o mercado aquece ou arrefece. A expectativa é de que o BCE inicie a descida das taxas diretoras e que, com isso, a enorme procura que existe se materialize em transações. Por outro lado, até 10 de março os partidos políticos candidatos a formar o próximo governo têm que dizer, com clareza, o que pretendem fazer no que diz respeito à habitação, nomeadamente quanto ao mercado de arrendamento. É urgente que Portugal tenha um mercado de arrendamento forte e ágil, o que propiciará o negócio “Construir para Arrendar”, única forma de dar um forte impulso à resolução do problema.
Nos segmentos comerciais – escritórios, principalmente – é sabido que há uma procura grande de empresas internacionais de dimensão, falta saber se confiam em Portugal como um destino estável e acolhedor do investimento.



José Carvalho
CEO Omega

“Encontrar caminhos e oportunidades no presente”
 
Os desafios do Imobiliário em 2024, serão os mesmos de sempre, destaca José Carvalho, CEO Omega. “Encontrar caminhos e oportunidades no presente, que sejam estáveis no médio prazo, tendo a noção clara que sendo a atividade de capital intensivo e de grande inercia nos seus processos de conceção/construção/ comercialização, e que uma vez iniciada, não permite grandes mudanças de rumo e de estratégia”.
Acrescenta, assim sendo, os profissionais do setor imobiliário, tem como desafios centrais: estudar e perceber a dinâmica e as necessidades do mercado; ser ágil e rápido nas tomadas de decisão; formatar soluções versáteis e económicas”.



José Rui Meneses e Castro
Managing partner da MAP Engenharia:

“Aumento significativo nos investimentos em infraestruturas”
 
“Atualmente assistimos a um aumento significativo nos investimentos em infraestruturas e desenvolvimento urbano em Portugal, com projetos estratégicos como a modernização das redes de transporte e expansão de infraestruturas urbanas”, considera José Rui Meneses e Castro, co-founder, managing partner at MAP Engenharia. 
Acrescenta, “isso cria um ambiente propício para o crescimento da engenharia e construção, proporcionando oportunidades para empresas locais e internacionais. No entanto, um desafio persistente para 2024 é a escassez de mão de obra qualificada”. Na sua opinião, a solução proposta envolve a promoção de programas de formação e educação especializada como alternativas ao ensino universitário.
Apesar das incertezas económicas globais e desafios governamentais no país, a resiliência do setor de Engenharia e Construção em Portugal é evidente. Estratégias ágeis, como a melhoria da eficiência nos processos de licenciamento e a gestão eficiente de custos, são fundamentais para enfrentar estes tempos desafiadores. À medida que o país se prepara para 2024, a inovação tecnológica, a sustentabilidade, os investimentos em infraestruturas e o desenvolvimento de competências são para mim os fatores críticos para o sucesso do setor, potenciando a atratividade do investimento Imobiliário. 



Ricardo Costa
CEO da Luximos Christie´s International Real Estate

“É provável que o pano de fundo predominante seja o da estabilidade”
 
“Chegamos a 2024 com duas grandes crises geopolíticas - com enormes tragédias humanas e potenciais implicações económicas globais -, um crescimento económico modesto, um desemprego ligeiramente mais elevado e um abrandamento gradual da inflação. O mercado imobiliário, sempre resiliente, trará novos desafios e oportunidades para quem pretende comprar ou vender imóveis”, destaca Ricardo Costa. 
Embora possa haver alguns altos e baixos, é provável que, no sector imobiliário, o pano de fundo predominante em 2024 seja o da estabilidade, à medida que o mercado se adapta à dinâmica económica em curso, tornando-o um ano favorável, mas cauteloso para o imobiliário. No panorama interno, temos várias incertezas que moldarão 2024.
Comecemos pelas eleições de 10 de março. Os anos de eleições criam historicamente uma apreensão no mercado, por isso, neste primeiro trimestre, é natural sentir-se um certo abrandamento do mercado. É uma espécie de travão ao investimento justificado pela incerteza, por exemplo, se assistiremos a uma maior carga de impostos sobre quem tem património e gera mais riqueza ou por alterações a enquadramentos legais que poderão afastar o investimento, nomeadamente o estrangeiro, como aconteceu recentemente com os Golden Visa e o Estatuto de Residente Não Habitual. Como sabemos, a incerteza política trava o investimento, levando-o para outros países. E neste capítulo também recomendava que os políticos refletissem sobre o tipo de emigrantes que queremos para Portugal. Eu gostava que contemplássemos também os que têm capacidade financeira para investirem, criarem riqueza e consumirem cá dentro. 
Se por um lado, não será novidade que o mercado continuará a ser moldado pelo desafio persistente dos grandes centros urbanos terem um parque habitacional limitado, o que concorre para manter o valor do metro quadrado elevado, por outro lado, o Porto e o Algarve registaram, nos últimos anos, um aumento de novos empreendimentos de gama alta e é muito provável que esta tendência se mantenha. A construção nova é necessária e deverá manter-se forte, impactada também pelo baixo inventário de imóveis disponíveis.
Em regiões como o Algarve, onde a dinâmica do mercado é influenciada pela sazonalidade, contamos com o habitual aumento da atividade a partir do mês de março, mantendo a dinâmica típica naquela região.
Também poderemos ver alguns compradores de imóveis de luxo a saírem de zonas nobres das cidades e a optarem por zonas limítrofes, beneficiando de mais espaço e mais tranquilidade, criando, assim, crescimento nesses mercados.

18/01/2024
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