Batalha de gerações: o magnata que perde os dois filhos;

PREVENÇÃO E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
Batalha de gerações: o magnata que perde os dois filhos
Mas que raio, quem está por detrás disto? De repente, surgiram artigos anónimos no blogue do jornalista alemão Stefan Niggemeier. Eram comentários depreciativos relacionados com os meios de comunicação e o rumo do império empresarial herdado, desenvolvido e gerido por Alfred Neven DuMont. A investigação conseguiu identificar o servidor de envio dos artigos: era o da própria sede e, pouco depois, tudo apontou para que o próprio filho Konstantin, de 41 anos, fosse o autor. O magnata do grupo, na altura com 83 anos, ficou furioso. Durante meses, o caso fez manchetes. A batalha entre gerações foi travada em público: o filho foi imediatamente suspenso das suas funções na direção. Como reação, reclamou a liderança da empresa, mas o pai expulsou-o e ele exigiu o pagamento das suas quotas. Segui toda esta competição feroz, desde o início, a procura do autor anónimo em 2010/ 2011, até ao fim, a morte de Alfred Neven DuMont em 2015, e fiquei mesmo triste.
Em geral, conflitos entre gerações em empresas familiares afetam-me. Identifico-me com a nova geração que quer inovar e que consegue lançar um olhar crítico sobre o negócio, graças à sua relação menos emocional. Conheço a frustração, a sensação de estar de mãos atadas quando o pai não confia nas nossas competências comerciais e sinto imensa satisfação por ter conseguido ultrapassar as fortes divergências com o meu pai em jovem adulta. O que ajudou foi o facto de não ter entrado na empresa dele.
O caso entristeceu-me particularmente porque conheci o Konstantin Neven DuMont em 1989. Durante as mesmas semanas, fizemos um estágio numa pequena redação local do Kölner Stadt-Anzeiger, o diário de Colónia, um dos jornais do pai. Tínhamos a mesma idade, conversámos bastante e dei uns jeitinhos nos artigos do Konstantin a pedido do redator-chefe, já que, apesar de pouco empenho, era filho do big boss e os artigos teriam de ser publicados. O Konstantin não teve grande interesse no jornalismo. Segundo ele, só estava a fazer o estágio, ideia do pai, para depois na tropa, na altura ainda obrigatória para rapazes, poder prestar o serviço militar base no gabinete de imprensa que seria muito mais agradável do que fazer exercícios no terreno. Ao conhecer a situação do Konstantin, apercebi-me do meu privilégio de poder escolher livremente o curso, a universidade e a profissão.
A questão de sucessão é uma das principais causas de conflitos nas famílias empresárias. Os confrontos entre gerações parecem programados: as personalidades fortes vão chocar e lutar pelo poder, pelo reconhecimento e pela liderança. Aliás, Alfred, o pai do Konstantin, também teve um forte conflito com o próprio pai. Como então prevenir? Pedir ajuda externa a especialistas em comunicação e mediação muito cedo, bem antes da integração da próxima geração na empresa. Quando sabemos destes confrontos, muitas vezes é tarde. O irmão do Konstantin, filho mais velho de Alfred, optou por uma vida fora da empresa, foi fotógrafo e pintor. Em 1995, aos 28 anos, morreu toxicodependente. Há suspeita de suicídio.

Silke Buss
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BUSS Comunicação
Silke Buss Mediadora de Confl itos, Especialista em Comunicação, 07/03/2024
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