Santander ultrapassa Millennium bcp no crédito às empresas;

Financiamento ao setor produtivo aumenta 5,5%
Santander ultrapassa Millennium bcp no crédito às empresas
Bancos continuam a apostar no financiamento das empresas.
No primeiro semestre do ano, Santander Portugal, CGD, Millennium bcp, novobanco e BPI concederam crédito a empresas no valor de 85 166 milhões de euros. São mais 4676 milhões que no período homólogo de 2023, representando uma subida de 5,5%. O Santander lidera este segmento com 22 263 milhões de euros, e um crescimento de 28,3%.
O Santander Portugal é neste momento o banco que mais financia as empresas em Portugal. Há um ano atrás essa posição pertencia ao Millennium BCP.
Entre janeiro e junho de 2024 o Santander aumentou o crédito as empresas em mais de 23%, enquanto o Millennium BCP reduziu o financiamento ao setor produtivo em 9%, o que revela diferenças de estratégia de atuação e posicionamento no mercado.
Em termos homólogos, Santander, CGD e BPI aumentam em conjunto o crédito (registando uma subida média de cerca de 12%). Em sentido inverso, novobanco e Millennium registam quebras de crescimento de 3,6% e 9% respetivamente (resultando numa quebra média de 6,3%).

Santander acelera crescimento

O crédito a empresas do Banco Santander Portugal atingiu os 22 263 milhões de euros no primeiro semestre de 2024, é um aumento de 28,3% face ao período homólogo de 2023, com 17 349 milhões de crédito concedido. É um valor que supera em 1867 milhões de euros o total de crédito a empresas concedido pela CGD no mesmo período. Recorde-se que já no final do primeiro trimestre deste ano, o crédito a empresas do Santander tinha superado a CGD em 2228 milhões. No final de 2023, a diferença situou-se em 814 milhões de euros.
Importa realçar que, em termos de crescimento percentual, o Santander surge sempre à frente da Caixa: 13,7% e 0,7% respetivamente no final de 2023, 25,3% e 1,7% no 1T24 e 28,3% e 2,5% do 1S24.
O Santander é atualmente líder destacado do crédito a empresas em Portugal, quer em volume quer em crescimento.
No total do crédito a empresas realizado pelos cinco maiores bancos que operam em Portugal (85 166 milhões de euros no 1S24), o Santander é líder com 26,1%, seguido da CGD com 23,9%. Estes dois bancos somam em conjunto metade do total de crédito concedido às empresas.
 “Os primeiros seis meses do ano marcaram mais um capítulo na trajetória do Santander enquanto banco cada vez mais simples e próximo dos clientes, com capacidade para antecipar as suas necessidades e continuar a apoiar de forma determinante a economia e a sociedade”, afirmou Pedro Castro e Almeida na apresentação de resultados. “Por acreditarmos que o futuro começa agora, como retrata a nova campanha que temos no ar, vamos continuar a trabalhar para ser um banco sólido e rentável, permitindo-nos seguir o caminho da inovação e do crescimento, mantendo o investimento nas pessoas, nas empresas e numa economia que todos queremos que seja o mais saudável possível”, acrescentou o presidente executivo do Santander Portugal.
O aumento de 28,3% no crédito a empresas é explicado pela continuidade de apoio aos projetos dos seus clientes. Em complementaridade às soluções de liquidez e de gestão de tesouraria, assim como do apoio ao negócio internacional, juntam-se os instrumentos de apoio à transição energética das empresas nacionais. Neste período, o banco também assinou junto do Banco Português de Fomento as linhas de apoio à economia no âmbito do InvestEU com uma dotação total de 3,5 mil milhões de euros

BPI com subida estável de 5%

A carteira de crédito a empresas do BPI continua a crescer ao longo do ano, 5% yoy no final do primeiro semestre de 2024, para 11,7 mil milhões de euros, embora com menor intensidade face ao valor registado no primeiro trimestre, que foi de 6% yoy, com 11 594 milhões de euros alcançados. Ainda assim a ritmo superior ao registado no crédito à habitação nestes dois períodos deste ano, que se mantém nos 2% yoy.
Comparativamente ao acumulado até dezembro de 2023 (11,5 milhões de euros, 5% yoy), o BPI aumentou o crédito às empresas nos primeiros seis meses do corrente ano em mais de 200 milhões de euros.
 “O BPI concluiu o primeiro semestre de 2024 com um resultado de grande qualidade, apoiado no crescimento do negócio, em particular na captação de recursos de clientes e na concessão de Crédito, enquanto o risco de crédito se mantém em mínimos históricos. O BPI mantém uma posição financeira sólida e uma capitalização confortável que nos permite manter uma elevada capacidade de investimento no desenvolvimento dos nossos Colaboradores e em tecnologia e inovação, sem esquecer o apoio à sociedade, Clientes particulares, empresas e grupos mais vulneráveis”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa, presidente executivo do BPI, na recente apresentação de resultados do primeiro semestre de 2024.
Os lucros do BPI, no final do primeiro semestre, ascendem a 327 milhões de euro, mais 28% yoy (256 milhões de euros foi o valor alcançado no final do primeiro semestre de 2023).

CGD recupera crescimento

A carteira de crédito às empresas e setor público da CGD ascendia do final de junho a 20 396 milhões de euros, 2,5% yoy. Comparativamente ao primeiro trimestre deste ano, o crescimento é de 1,9% e ao anual acumulado de 2023 de 3,7%. Significa isto que o banco de Paulo Macedo está a recuperar no segundo trimestre do maior abrandamento registado no trimestre anterior.
Ao nível da carteira de crédito a PME, a CGD regista no final do primeiro semestre 414 milhões de euros, mais 0,6% yoy e mais 1,6% face ao acumulado em 2023.
Recorde-se que no final de 2023, a CGD registava um crédito às empresas e setor público de 19 664 milhões de euros, apenas mais 0,7% do que o valor alcançado no ano anterior.
Nos seis primeiros meses deste ano, a CGD aumentou o crédito às empresas em 732 milhões de euros.
Na apresentação dos resultados, na sede da CGD, em Lisboa, o presidente do banco apontou que este ano deverão ser distribuídos 825 milhões de euros, reembolsando integralmente a recapitalização pública em dinheiro realizado em 2017. Os lucros da CGD no final do primeiro semestre ascendem a 889 milhões de euros no primeiro semestre, uma subida de 46,2% yoy (608 milhões de euros foi o valor alcançado no primeiro semestre de 2023).

novobanco com concessão de crédito “disciplinada”

Nos primeiros seis meses deste ano, o crédito a empresas do novobanco atingiu os 13 690 milhões de euros. São menos 510 milhões de euros em comparação com o  período homólogo de 2023, correspondendo a menos 3,6% yoy. Face ao primeiro trimestre deste ano, a queda é de 58 milhões de euros e, relativamente ao mês de dezembro do ano passado, atinge já os 190 milhões de euros.
Apesar desta situação, o novobanco afirma ser “o banco de confiança, que apoia as famílias e empresas ao longo da sua vida, assente numa política de concessão de crédito robusta e disciplinada. Este apoio tem sido transversal a todos os setores, com um foco especial nas PME exportadoras e nas empresas que incorporam inovação nos seus produtos, serviços ou sistemas produtivos, seguindo cada vez mais uma linha orientadora de sustentabilidade”.
Uma orientação que Mark Bourke, CEO do novobanco, deixou bem expressa durante a recente apresentação de resultados: “Estes resultados refletem uma robusta performance comercial uma consistente criação de capital. Continuamos a prosseguir a nossa estratégia, com crescimento de negócio e de atividade, aumentando a eficiência das nossas operações, e suportando as famílias e empresas que nos escolheram como o seu banco.”
Refira-se que os créditos não produtivos (NPL) do novobanco reduziram 8,7% no primeiro semestre deste ano para 1 034 milhões de euros.
O resultado líquido no primeiro semestre de 2024 foi de 370,3 milhões de euros, menos 2,9 milhões de euros que o atingido no período homólogo de 2023.

Millennium bcp duplica redução do crédito a empresas

O crédito a empresas na atividade do Millennium bcp em Portugal fixou-se em 17 117 milhões de euros em 30 de junho de 2024, descendo 9% face ao período homólogo do ano anterior (18 838 milhões de euros), correspondente a uma diminuição aproximada de 1721 milhões de euros, ou seja, mais do dobro da queda verificada no primeiro semestre de 2023 . O banco justifica esta queda com a “menor procura de crédito influenciada pela política monetária, atrasos nos projetos de investimento (nomeadamente, os cofinanciados com fundos europeus) e redução de NPEs neste segmento. Adicionalmente, o reembolso das linhas Covid também influenciou esta evolução, na medida em que o Banco havia assumido um papel preponderante na concessão destes financiamentos durante a pandemia”.
Recorde-se que no primeiro semestre de 2023, a carteira de crédito concedido a empresas pelo Millennium bcp registou uma redução de 796 milhões de euros face ao final do primeiro semestre de 2022, “num contexto de menor procura de crédito devido às taxas de juro mais elevadas, adiamentos e atrasos em projetos de investimento e, também, à redução de stock de NPE neste segmento”, justificou o banco.
O resultado líquido consolidado do primeiro semestre de 2024 atingiu os 485,3 milhões de euros, correspondendo a um aumento de 14,7% yoy. Segundo afirmou Miguel Maya, CEO do banco, durante a apresentação de resultados, “este resultado marca o melhor desempenho semestral do banco na última década”.
Relativamente à atividade em Portugal, as operações fecharam com um lucro líquido de 411 milhões de euros, representando um aumento de 16,2% face ao primeiro semestre de 2023.




VIRGÍLIO FERREIRA virgilioferreira@grupovidaeconomica.pt, 08/08/2024
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