Produtos bancários têm preços competitivos em Portugal;

Pablo Forero afirma
Produtos bancários têm preços competitivos em Portugal
Para Pablo Forero, Portugal tem custos unitários do trabalho mais baixos, mas o peso dos salários nos custos de estrutura é o mesmo.
O nível de concentração do setor bancário em Portugal não está a ter reflexos negativos sobre as condições praticadas – referiu Pablo Forero. Durante a apresentação de resultados do primeiro trimestre, o presidente do Banco BPI disse à “Vida Económica” que os preços praticados em Portugal são muito competitivos. “Os preços em Portugal não são altos” - acrescentou.

Apesar de Portugal ter um nível de concentração muito elevado, superior a Espanha ou França, e de estar a diminuir o número de operadores, com o fim do BANIF e do Banco Popular, há outros países de forte concentração no setor bancário. Pablo Forero apontou como exemplo a Bélgica ou a Holanda, onde existem apenas dois ou três bancos. Em sua opinião, o importante é os bancos serem fortes para que haja concorrência saudável no mercado. A saída de bancos fracos que não trabalham bem não afeta a concorrência.
Segundo referiu, no espaço europeu existe liberdade de atuação de serviços financeiros, tornando-se difícil a qualquer instituição praticar preços que estão fora dos padrões normais do mercado.
As contas do BPI referem a estabilização na remuneração média da carteira de crédito. O banco obteve um retorno médio de 1,77% ao ano, semelhante ao valor do trimestre anterior. Há um ano atrás, o rendimento médio estava acima dos 2%.
Entretanto, a remuneração média dos depósitos a prazo aproxima-se de zero, com um  retorno de 0,03% pago aos depositantes. Há um ano atrás rondava 0,5%.
A margem de intermediação registou um aumento ligeiro.

Crédito cresce nas grandes empresas e no Estado

Os resultados trimestrais do Banco BPI revelam um aumento da carteira de crédito às empresas, atingindo uma quota de 8,3%.
Mas o aumento médio de 3,5% no crédito às empresas deve-se em grande parte ao segmento das grandes empresas e Corporate & Investment Banking, com uma subida de 9,8%. Nas médias empresas, a subida é de 0,3% e nos empresários e negócios, onde está a haver o maior aumento das operações de crédito, o BPI cresce apenas 1,2%.
Mas Pablo Forero afirma que não existe qualquer concentração do crédito nas grandes empresas. Segundo explicou, os dados trimestrais não refletem a tendência efetiva de aumento da carteira de crédito no segmento das PME.
A seguir às grandes empresas, o BPI registou também neste primeiro trimestre um crescimento significativo no crédito ao setor público. A carteira de crédito ao setor publico atingiu 1424 milhões de euros e já representa mais de 20% em comparação com o crédito total às empresas portuguesas.

Peso dos custos com o pessoal é semelhante em Espanha e Portugal

Os salários praticados em Portugal não são uma vantagem comparativa nos custos dos bancos. Pablo Forero disse à “Vida Económica” que Portugal tem custos unitários do trabalho mais baixos mas o peso dos salários nos custos de estrutura é o mesmo nos dois países. Ou seja, existe uma diferença salarial no nosso país, mas também existe um maior peso dos recursos humanos nos custos de estrutura, anulando a diferença de remunerações a nível dos encargos.
De acordo com as contas do banco BPI, em 2017, os custos com o pessoal atingiram 368,1 milhões de euros, o que representa um valor médio de J74.650/ano por cada um dos 4931 colaboradores.
Excluindo os encargos não recorrentes com rescisões e reformas antecipadas, os custos com pessoal foram de 262,3 milhões de euros, e um encargo médio de J53194/ano por colaborador. Em média, cada colaborador representou um 2017 um encargo médio de J4432/mês.

Lucros atingem 210 milhões

O BPI apresentou os melhores resultados desde a última crise financeira, com lucros líquidos de 210 milhões de euros no primeiro trimestre de 2018. No primeiro trimestre de 2017, o banco registara um prejuízo de 122,3 milhões de euros.
A atividade no mercado nacional representa a maior fatia dos resultados do BPI. O banco teve um lucro na operação em Portugal de 118 milhões de euros, superando os 43 milhões do ano anterior.
Este aumento deve-se em grande parte à venda da participação na Viacer. A operação levou a uma reavaliação da participação da Viacer, que controla a SuperBock, antes da alienação. A venda foi feita por 233 milhões, tendo gerado um resultado de 60 milhões.
As operações internacionais em Angola e Moçambique contribuíram com 91 milhões para os resultados do banco.
João Luis de Sousa jlsousa@vidaeconomica.pt, 26/04/2018
Partilhar
Comentários 0