Diminuição de investimento em projetos públicos provoca emigração de engenheiros;

Joaquim Almeida, candidato da Lista B a vice-presidente da Ordem dos Engenheiros, afirma
Diminuição de investimento em projetos públicos provoca emigração de engenheiros
A eleição dos Órgãos Nacionais, Regionais e Distritais da Ordem dos Engenheiros para o mandato de 2016-2019 realiza-se na próxima quinta-feira, dia 21 de abril, nas sedes das regiões e das delegações distritais da OE. Recorde-se que o processo está em curso desde o dia 11 de abril, data em que se iniciou a votação por correspondência e por via eletrónica.

Joaquim Almeida, candidato da Lista B a vice-presidente da Ordem dos Engenheiros, explicou, em entrevista à “Vida Económica”, as linhas gerais do seu programa: “São, acima de tudo, mudar a apatia existente na nossa Ordem dos Engenheiros, que não tem sabido catalisar os colegas de todas as Engenharias. Dos aproximadamente 80 mil engenheiros que o país tem, somente cerca de 40 mil engenheiros são membros da OE”.
Mas existe forma de encurtar o distanciamento que existe entre a OE e aqueles que representa? Joaquim Almeida entende que sim.
E tem de se começar por “tudo o que ainda não foi feito. Se olharmos para o programa da Lista B - Mais Engenharia, podemos verificar que o mesmo contém já as linhas de orientação para o desenvolvimento de uma OE que motive a que todos os engenheiros se interessem pela OE. Desde aumentar os serviços de apoio jurídico, de validação e certificação da credibilidade dos actos de engenharia, de gabinetes de apoio específicos para a criação de soluções de emprego, até á criação de uma biblioteca científica.”
“Se a sociedade civil perceber que os engenheiros da OE são os que merecem mais credibilidade, naturalmente todos os engenheiros quererão fazer parte desta instituição”, acrescenta.
 
Lista composta por “engenheiros do mundo real”
 
Conforme explicou, “a Lista B - Mais Engenharia é composta por engenheiros do mundo real, que lutam todos dias com as dificuldades de gerir empresas, criar emprego e produzir mais-valias para o país. Tem uma percentagem significativa de colegas engenheiras, de empresários, de colegas com experiência de internacionalização de empresas e de serviços de engenharia. Queremos uma OE preparada para apoiar a engenharia portuguesa para o mercado global.”
“Vamos também promover a criação de ‘start ups’ de engenharia com apoio a uma bolsa de engenheiros seniores em regime de pro bono”, precisou.
Faz parte do nosso programa criar um gabinete de apoio aos colegas que pretendam criar riqueza e emprego para o país com o programa Portugal 2020. Iremos não só promover uma ampla divulgação como criar um gabinete de apoio e uma estratégia para associar empresas a engenheiros, a universidades e a outras associações profissionais. O nosso programa de criação de ‘start ups’ é também parte integrante deste programa.”
Sobre a reabilitação urbana, considera que é uma causa “de todos e essencialmente da sociedade civil. Cabe aos engenheiros fazer uma ampla divulgação das suas competências e serviços nesta área. A engenharia civil, em particular, é essencial neste desenvolvimento. O conhecimento profundo de técnicas de reabilitação estrutural, nomeadamente para reforço da resistência aos sismos, dos materiais de renovação e de técnicas de construção são, sem dúvida, uma das competências que a arquitetura delega na engenharia”.
Questionado sobre se a emigração de engenheiros é significativa, responde: “Sem dúvida. Essencialmente devido à diminuição drástica de investimento em projetos públicos. Infelizmente esta emigração não foi nem antecipada nem apoiada, nomeadamente pela Ordem dos Engenheiros. O ideal teria sido que as empresas portuguesas exportassem engenharia em vez de Portugal exportar engenheiros. No entanto, não podemos deixar de referir que, sendo cada vez mais o nosso mercado o mundo, temos de, em concertação com entidades governamentais e outras, criar uma estratégia de apoio e rentabilização dos serviços prestados pelos engenheiros que trabalham no estrangeiro. Esta realidade é a realidade de um país demasiado pequeno e sem a massa crítica para a experiência e ambição da nossa engenharia”, conclui.
Susana Almeida, 20/04/2016
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