As decisões nas empresas familiares devem ter subjacente a geração de valor no longo prazo ;

REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES
As decisões nas empresas familiares devem ter subjacente a geração de valor no longo prazo
Os gestores de uma empresa passam o dia a tomar decisões. Sendo uma grande maioria delas relacionadas com assuntos correntes e de efeito imediato, outras verão o seu reflexo no médio e longo prazo.
No entanto, existe um denominador que se pode considerar comum e que influencia todas elas. 
O estudo “Global family business survey 2019”, desenvolvido pela Deloitte, em 2019, questionou os seus participantes sobre a relevância de alguns elementos aquando da tomada de decisões no dia a dia da empresa.
  • Dois terços consideraram a geração de valor no longo prazo;
  • Somente 8% salientaram os resultados de curto prazo.
Uma política atual de remuneração dos gestores duma empresa é considerar a mesma com uma componente fixa e uma variável, indexada aos resultados da empresa.
Esta estrutura pode ser condicionadora de decisões de mais longo prazo por parte dos gestores, ou seja, será apetecível assumir um investimento cuja rentabilidade só será alcançável num momento no qual eles provavelmente já não assumem essa função e, consequentemente, não beneficiarão dos resultados? E se, em alternativa, existe um cenário que permite antecipar no tempo os proveitos, não serão mais defensores desta opção? 
As empresas familiares, que possuam o espírito de assegurar a longevidade do negócio em mãos das gerações vindouras, está muito mais recetiva e até potencia este tipo de investimentos de longo prazo.

Plantar um sobreiro e tirar adequado proveito da cortiça por ela produzida é normal ter de esperar mais de 25 anos. Quando se preparava para plantar 70 ha de olival intensivo, a inquietude de Francisco de Almeida Garret e o contexto de o montado tradicional estar em declínio, levaram-no a tentar uma experiência de aplicar a metodologia do olival intensivo, tendo plantado cerca de 2000 sobreiros regados gota a gota, em 2 ha na Casa Agrícola da Herdade do Conqueiro (que também produz vinhos sob a marca de Rovisco Garcia) – decorria o ano de 2003. Em 2011, extraiu a cortiça virgem a muitos desses sobreiros: fez a desboia ao fim de 8 anos, quando o normal é ocorrer ao fim de 18 a 20 anos.
Em 2016, efetuou a avaliação do crescimento das árvores e da qualidade da cortiça nos sobreiros e, em 2017, foi extraída a amadia – a primeira adequada à produção de rolhas.
A principal valorização da cortiça para rolhas começa normalmente a partir do 43º ano do sobreiro e, depois, a cada 9 anos, sendo que a boa cortiça se extrai entre os 70 e os 140 anos.  
Mesmo que a redução do tempo expectável se reduza para metade, ainda assim, é necessário possuir uma estratégia de muito longo prazo para se investir num negócio com estas características – algo muito próprio de uma empresa familiar que deseja passar o legado para as gerações seguintes.


António Nogueira da Costa
Especialista em Empresas Familiares
antonio.costa@efconsulting.pt
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Especialistas na consultoria a Empresas Familiares
e elaboração de Protocolos Familiares
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