A tecnologia como catalisador disruptivo do mercado da empresa familiar;

REFLEXÕES SOBRE EMPRESAS FAMILIARES
A tecnologia como catalisador disruptivo do mercado da empresa familiar
Uma linha de análise histórica da atividade empresarial pode ser desenvolvida atendendo-se ao surgimento, implantação e impacto de novas tecnologias.
 
Se tal tarefa for dinamizada, acredito que, no mínimo, irá realçar três pontos:
  • O desenvolvimento de novas ferramentas para fazer as coisas de forma diferente tem sido contínuo e, em geral, com valor acrescido;
  • A implementação originou muitos fracassos mas também surgiram tecnologias que conseguiram vingar e diferenciar quem as adotou;
  • O número de tecnologias disponíveis no mercado tem tido incrementos exponenciais e o tempo da sua adoção tem-se reduzido numa escala também meteórica.  
O estudo “Empresas familiares da próxima geração: liderando um negócio familiar num ambiente disruptivo”, da Deloitte, também refletiu a tecnologia como um dos grandes catalisadores das empresas familiares.
Apesar de se associar às empresas familiares um certo “status quo” e tradição de “fazer como sempre se fez”, esta imagem não deixa de ser muito preconceituosa. Muitas destas organizações têm sabido desenvolver ou, no mínimo, identificar tendências evolutivas com base na tecnologia e incorporá-las no seu “modus operandi” ou negócio.
Pense-se genericamente no setor automóvel e identifique-se o papel que famílias como a Ford, Toyoda, Agnelli ou, mais recentemente, de Tusk tiveram ou estão a ter no seu contínuo desenvolvimento. 
O lema dos artigos anteriores parece continuar a repetir-se: adapta-te ou morres.
 
No verão de 2008, o Governo Português assinou um protocolo para a criação de um consórcio com capitais maioritariamente portugueses formado pelas empresas J.P. Sá Couto, Prológica e a Intel. No âmbito do programa e-escolinha, nascia o Magalhães – um portátil de baixo custo montado em Portugal, destinado às crianças com idades entre os seis e os dez anos. 
Montado na fábrica da JP Sá Couto, em Matosinhos, tinha um custo de produção de 180 euros, mas uma política de preço subsidiada para poder chegar a todos: gratuito para os que estivessem no 1º escalão da ação social escolar, para os do 2º escalão J20 e para os restantes J50 euros.
O custo total do programa do computador Magalhães foi de 273 milhões de euros. 
Com o desenvolvimento do produto, em especial com a incorporação de programas adequados aos destinatários, a empresa conseguiu exportar centenas de milhares de unidades para países como a Venezuela e a Bolívia. 
O impacto real desta política foi duvidoso (a utilização do portátil era reduzida e não estava considerada nos trabalhos das aulas), contudo permitiu o desenvolvimento do atual jp.group a partir da empresa fundada em 1989 por Jorge e João Paulo Sá Couto. Atuando no setor das Tecnologias de Informação e Comunicação, o grupo está em mais de 70 países, possui mais de 300 empregados e faturou mais de J300 milhões em 2017.
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